quinta-feira, 9 de março de 2017

Paz, sossego e calma e um gato vadio

Um avião cruza o céu e fico a vê-lo desaparecer por detrás de uns prédios.
Foi baixo o som, fugaz a imagem, um gato vadio acompanha-me no virar de cabeça.
Há um turbilhão de atropelos na rua de baixo, gente a pé em várias direcções e carros a apitar; semáforos avariados, todos amarelos, parecem ser o âmago da confusão. Será? Ou o mundo está todo ele uma enorme confusão sem sabermos porquê?
Aqui onde estou impera o sossego. Espreito tudo de longe sem me deixar envolver. Eu e o gato vadio, malhado de cinza e branco.
Um pardal pipia numa árvore próxima. Salta de ramo em ramo, desafia o equilibro, fico a olhá-lo, sem grande interesse. Eu e o gato vadio, malhado de cinza e branco que tem uma pata branca.
No desenrolar da confusão da rua de baixo, aparece a polícia para controlar o trânsito. Fico a olhar, distraída. Eu e o gato vadio, malhado de cinza e branco, que tem uma pata branca e uma manchinha mais clara bem no meio do focinho.
É bonito o gato vadio!
A minha paz também, enquanto a confusão reina na rua de baixo.
A cidade desnivelada consegue-me esta calma. Vejo, não ligo, olho mas nem penso. Da minha rua mais alta que a da confusão. Não faço parte, sossego e descanso. Eu e o gato vadio, malhado de cinza e branco, que tem uma pata branca, uma manchinha mais clara bem no meio do focinho e que olha para mim como se conhecesse o mistério da vida.

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